Alemanha x Argélia: o confronto épico criou heróis e deu a Joachim Löw uma segunda chance

O Beira-Rio testemunhou um dos melhores jogos desta Copa do Mundo, no qual a Alemanha, apesar dos erros, mostrou mais uma vez sua força

No último jogo que recebeu nesta Copa do Mundo, o Beira-Rio entrou para a história do torneio. Uma partida épica, que mostrou que o futebol não precisa de gols para ser espetacular. Um encontro que criou heróis e mostrou a força de uma das camisas mais pesadas dos gramados, que não fica de fora das quartas de final desde 1986. Os alemães avançaram com a vitória por 2 a 1, com a rede balançando apenas na prorrogação.  

Mas a Alemanha não ganhou apenas uma partida. Ganhou uma lição. Principalmente o treinador Joachim Löw. A insistência com Philipp Lahm no meio foi apenas um dos equívocos cometidos pelo técnico. É verdade que o capitão desempenhou muito bem tal função no Bayern de Munique, mas a falta de grandes opções na lateral pede a sua presença nos flancos do time germânico.

Mustafi foi muito mal e teve que sentir uma lesão para sair de campo. Com a sua saída, Lahm voltou à lateral e o time melhorou. Tudo bem que os argelinos continuaram dando muito trabalho, mas os alemães criaram mais lances de perigo. Foram 28 arremates ao gol, maior número de tentativas nesta Copa do Mundo. No entanto, a ausência de um centroavante de verdade fez falta.

E aí é que reside mais um problema. Joachim Löw foi muito teimoso para efetuar mudanças. O destino lhe ‘ajudou’ quando Mustafi sentiu e deixou o campo. Mas o treinador não deveria hesitar tanto para colocar Klose. O maior artilheiro dos Mundiais (ao lado de Ronaldo) não precisa necessariamente ser titular os 90 minutos. A opção por Müller no comando de ataque mostrou ser uma boa alternativa, mas é preciso saber quando mudar.

A ironia neste caso é que o gol saiu de quem vestia a camisa 9. Apesar de não ser um centroavante, e sim um meia-atacante que joga pelos flancos, Schürrle apareceu como ‘homem-gol’ que tanto fez falta aos germânicos . Na pequena área, apenas com um toque, abriu o placar. Jogada de Thomas Müller pelo lado do campo. Se o destino ajudou Löw a fazer a alteração certa, também deu a Özil a chance de não repetir o erro de optar sempre pelo passe.

O meia é conhecido por dar belas assistências. Está sempre buscando um companheiro para servir. Mas cadê a coragem para definir a jogada? Quando podia chutar, de cara para o gol, o camisa 8 preferiu – mais uma vez – tocar. A escolha se mostrou infeliz, mas o desenrolar do lance acabou favorecendo o jogador do Arsenal, que finalmente arrematou para o fundo da rede. O tento da Argélia foi uma medalha para heróis que tanto lutaram em campo. 

A Alemanha precisa aprender com os erros de hoje. Löw precisa repensar algumas escolhas, apesar de ter igualado o mesmo número de vitórias (8) que Franz Beckenbauer como treinador da equipe na Copa do Mundo. O próximo adversário não é apenas um time bom, com gana de vencer. A França é uma equipe com jogadores mais experientes e uma camisa mais pesada. É bom ficar de olho!

Argélia: campanha histórica não será esquecida pelos torcedores

A Argélia jogou para fazer história - como fez em 1982 quando venceu a Alemanha Ocidental na Copa da Espanha - e avançar às quartas de final no Brasil. O time de Vahid Halilhodzic mostrou mais uma vez a ótima organização defensiva e, na frente, Feghouli, Soudani e Slimani não deixaram a defesa alemã assistir ao jogo de dentro do campo. O goleiro Rais M’Bolhi foi gigante dentro do Gigante da Beira-Rio. A derrota por 2 a 1 veio na prorrogação, a primeira do país em Mundiais, e nem assim conseguiu calar a torcida argelina que deu show nas arquibancadas. A Argélia foi eliminada, como já era esperado, mas de maneira inesperada. Sai sob aplausos e de cabeça erguida. Ma'a salama, Algeria!