Redenção Cruzmaltina: Vice é o baralho!

     Que dia. Que jogo. Que final! Um roteiro de filme marcou o fim do jejum de títulos vascaínos. E quando digo títulos, subentende-se qualquer conquista que não seja Campeonato Estadual (a pré-temporada dos grandes clubes) ou série B do Brasileirão (a amarga obrigação dos grandes clubes). O Vasco já havia entrado em seu décimo primeiro ano em branco. Mas hoje a contagem parou. O Vasco foi campeão da Copa do Brasil 2011.
     Contudo, admitamos, o jogo não foi nada técnico. Não teve grandes jogadas, tramas envolventes ou nós táticos. Teve o que faz todo torcedor pagar com gosto por um lugar nas arquibancadas: emoção. Emoção de sobra. Esse contorno dramático ficou a cargo da incerteza de quem seria o campeão. O Coritiba por duas vezes ficou a apenas um gol de estar na frente do placar (agregado). O time da colina, quase sempre pressionado, achou gols fora de casa que lhe rendeu o título.
     A partida contou com um Vasco que jogou na casa do adversário sem medo de ser campeão, não se intimidou, atacou e buscou. Não pensou no regulamento ao entrar em campo. Fez 2 gols. E um imortal Coritiba, que se reergueu das cinzas por duas vezes, em momentos da partida que parecia já estar liquidado pelos gols que sofrera dentro de casa. O Coxa marcou 3 insuficientes gols, mas certamente fez valer o ingresso que seu torcedor pagou. Este viu uma partida digna de final. 
     Do lado de fora do campo, uma discreta autoafirmação acontecia sem que muitos percebessem. Afinal, o que falar do São Paulo? Sim, o São Paulo Futebol Clube. O que viu o treinador que não lhe servia, Ricardo Gomes, ser campeão de um título que o próprio São Paulo não tem. O mesmo que, antes disso, nas semi-finais, também viu este mesmo treinador eliminar seu algoz, o Avaí. Ora, esses são detalhes que entram nas tantas ironias do futebol. Então, parabéns ao técnico Ricardo Gomes pelo seu belo trabalho com a equipe do Vasco. Ao São Paulo, me resta dizer: A bola pune! 
     Mas, mesmo com tantos assuntos dentro e fora de campo, o momento mais significante da partida veio através do olhar do repórter Éric Faria, da Rede Globo. Que teve a sensibilidade de perceber a condição dos já substituídos Diego Souza e Felipe, ambos do Vasco, no banco de reservas. Os dois agachados, orando. Com um capuz cobrindo toda a cabeça para que não pudessem - porque não queriam - assistir ao final do jogo. Jogadores acostumados a decidir e a serem os protagonistas do espetáculo, agora limitados à condição de torcedor. Que angústia. Jogadores que chegaram ao clube como medalhões, fadados ao pesado objetivo de reerguer o Vasco, agora estavam se escondendo do jogo. Estavam com medo dele, com receio de seu desfecho. Isso é muito simbólico. Isso é futebol. E quem não gosta, quem não vive isso, não sabe o quanto está perdendo. Mas, enfim.


     Ao Coritiba, fica a honra ao mérito (sem demagogia). Ao Vasco, a redenção. E, pelo menos dessa vez mais, a certeza de que "vice é o baralho".

1 Response to "Redenção Cruzmaltina: Vice é o baralho!"

  1. Belo exemplo esse São Paulo que não quis mais o Ricardo Gomes. Outro exemplo de rejeição é o Inter, que diminui o espaço do Alecsandro no grupo e o cedeu ao clube da Colina. Agora, o Inter corre atrás de um centroavante. E o Vasco segue feliz com o seu, aquele que marcou e decidiu os dois jogos da final.

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